Sim, fui violada

Rui Martins Cunha

No verão de 1997, um emigrante português na Suíça trouxe para a cidade de Lausana a sua filha de dezasseis anos que vivia com a sua mãe em Macedo de Cavaleiros.

Assim que a adolescente chegou, percebeu que teria que dividir um sórdido quarto e um humilde colchão com o pai que a considerou, a partir de então, como a «sua esposinha especial». A menor esteve sempre sob pressão psicológica, sendo que o progenitor fazia-a obedecer em tudo, desde os afazeres domésticos até à sodomia.

Foram alguns portugueses do meio social do pai que, alertados pela insondável tristeza da jovem e pelos seus acessos de riso nervoso, acabaram por alertar a polícia passados dezoito meses desta vida espinhosa.

Acusado em tribunal, o progenitor não contestou os fatos que lhe foram imputados e ocorridos em território da Suíça. Afirmou apenas que nunca tocou na filha antes da Páscoa de 1997, que até foi ela quem telefonou a pedir que ele a viesse buscar a Portugal e a levasse para a Suíça.

Perante o Tribunal, o arguido repetiu mecanicamente que cometeu “um erro” grave. «Com a sua filha era mais barato do que com as prostitutas», disse o Presidente do Tribunal. O acusado, porém, permaneceu imperturbável perante o Tribunal Criminal de Lausana, que o julgou por violação, coerção sexual qualificada e incesto. Um caso particularmente grave, qualificado como escravidão doméstica e sexual no despacho de acusação.

O arguido foi condenado a oito anos de prisão.

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